15 julho, 2013

Arlequim do ano inteiro

Sábado mais uma vez, a comunidade deste grande celeiro cultural: Palmeira dos Índios se deu em oblação aos deuses e aos homens a peculiar oferta de um espetáculo, embora com poucos recursos, se tornou maior e expressivo com o lampejo da verdadeira arte pela arte. ARLEQUIM DE CARNAVAL, de RONALDO BRITO e ASSIS LIMA é uma comédia bem-humorada que traz à baila personagens carnavalescos, muito mais do que pernambucanos, são figuras carimbadas que povoam o carnaval ítalo-brasileiro, sob a direção do Diretor Encenador MARCONE CORREIA.
A mistura dos clássicos personagens numa dinâmica saborosa fez uma união cultura com seus elementos vívidos e próprios prendendo a platéia que estava agonizante pela vida cultural que o teatro – uma das expressões mais maviosa de entretenimento e de sensibilidade pode assim permitir.
A magia do teatro contemporâneo não faz balbuciar apenas os mais cálidos corações e dos aflitos pela cultura, porém anima os que estão por começar e lapida os novos expectadores e amantes do teatro.
O público ovacionou com merecimento o que viram. O protagonismo crucial e decisivo foi o talento daqueles nove titãs e de tantos outros que estavam na confecção de figurinos e adereços, na sonoplastia, na iluminação, enfim na harmonização; bem maior do que a falta de um teatro que valorize ainda mais um trabalho tão enriquecedor para um pólo cultural que é a terra de Jofre Soares, Isvânia Marques, Judite Maria, Luiz Branco, Rosinha Pimentel, dos índios Xucurus, e tantos outros. Também de Graciliano Ramos (Quebrangulo), de Jacinto Silva (Canudos/Belém).
O espetáculo deixou latente o que a criatividade e o empenho da Companhia Teatral Mestres da Graça foi capaz de desenvolver com atitudes louváveis e engenhosas, que do simples tornou o ambiente da Casa Museu Graciliano Ramos acolhedor e fascinante. Quem não foi, perdeu uma noite espetacular. Na próxima sessão do espetáculo, não perder é a palavra de ordem.
Com a conferência da cultura quem em breve estará acontecendo se torne um ambiente propício e a discussão política seja muito centrada e animadora buscando conciliar um diálogo construtivo o que realmente deva ser contemplado; um teatro, valorização ainda mais da cultura indígena e outros traços do regionalismo que de fato é nossa identidade. Que seja idealizado um novo pensamento de cultura apoiado e realizado estabelecendo parcerias e repensados os novos rumos, mediante ações concretas estruturantes. Palmeira precisa se mostrar sem as máscaras, sem medo de ser feliz. Deixar o Pierrô e a Colombina se encontrar o ano inteiro e não somente numa festa de carnaval.
 
Ivanildo Nunes
Espetáculo estreado no sábado dia 13 de julho de 2013.

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