21 fevereiro, 2014

OS TESOUROS DA PRINCESA DO SERTÃO


A quem fale que a moda não é arte, não é cultura, nem tão pouco segmento cultural, pois bem, estão redondamente enganados a beleza do corpo e a sensualidade existe como seguimentos artísticos desde que o mundo é mundo, na Grécia e na Roma antiga por exemplo, basta nos voltarmos para os quadros de Da Vinci e la vai está a beleza do corpo revelada na sua mais singela naturalidade. No universo Brasileiro, Nordestino e Alagoano em que vivemos podemos dizer que isso não passa de teoria histórica da arte, porém um pequeno grupo, mais de um enorme talento, vem despontando no seguimento artístico cultural, beleza e moda, eles são o “HI 5” grupo genuinamente Palmeirense que pensa além de seu tempo (embora todos sejam jovens), com um pesquisa minuciosa de ricos detalhes sobre nosso chão seco e árido, eles trouxeram o entrelaçamento da cultura popular sertaneja e a arte da moda no evento “GAROTA MODA PRAIA”, numa peculiaridade, que foi de folhas secas, carcaças de cabeças de gado e uma família de retirantes, perpassando pela simbologia e o imperialismo do carcará no sertão, até o tesouro do cangaço em forma de mulher, nordestina, forte, destemida e de beleza descomunal. E o espetáculo não para, prossegue numa viagem ao xote de Gonzaga na voz de Marina Elali, com direito a uma contemporização artística de bailarinos e Drag Queen, que mais uma vez, misturam o tradicional com as tendências de momento, quando também, trazem para a passarela de folhagens a presença marcante e a sensualidade do Funk carioca. A riqueza do espetáculo ainda conta com uma iluminação cênica e uma ambientação propicia, alem é claro de figurinos expressivos e exóticos, todos sem fugir da temática “sertão” e com uma boa pitada de moda e sensualidade. O auge do momento foi o desfile das garotas moda praia com seus minúsculos biquínis e corpos exuberantes, algo que faz interagir com o nosso ser, psicologicamente e fisicamente, como diria o grande teatrólogo e critico Nelson Rodrigues “O biquíni é uma nudez pior do que a nudez”. Mas o que chama a atenção não é a eroticidade do momento e sim a beleza artística e cultural, é certo que o público é seleto, desde empresários, servidores públicos e a classe artística em geral, mas sempre fiel e exigente, e isso não sou eu que digo bastava olhar ao redor, os olhares de aprovação e reprovação, comentários e o flashes do público presente, isso tão somente basta para deixar claro que o evento entra na agenda local e estadual da cultura da moda palmeirense e alagoana, que embora com pequenos comentários desconsiderantes de que não teríamos praia para realizar um evento desta natureza, digo que, ainda vivemos e somos das terras das alagoas e em lugares que nos deleitamos de paisagens paradisíacas e belas fontes de água doce além do mais belo mar, por isso precisamos e devemos prezar por estar sempre de bem com a moda praia. Pois além de nos brindar com um espetáculo temático, belezas corporais, aula de cultura e arte, ainda fortalece a economia da cultura em nossa cidade gerando renda, informação, conhecimento e descobrindo talentos, assim são os tesouros escondidos a sete chaves e procurados por muitos, mas poucos os encontram e tem o prazer de desfrutar de sua riqueza, por isso busquemos sempre os tesouros da arte são os mais belos e ricos e estão mais perto do que imaginamos.

Marcone Correia 
Ator e diretor teatral 


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