19 abril, 2014

COMO DESTRUIR UMA HISTÓRIA!

“só podemos expor o que somos. Arte é isso. A técnica é necessária, é claro. Mas se lhe faltar técnica, seja ao menos sincero.” Graciliano Ramos.É parafraseando o mestre graça que venho externar minhas inquietudes com o descaso à nossa cultura local, é verdade que não temos uma gestão que se preocupa com nossa arte e cultura?? Vai ver eles não conhecem, e nunca conheceram e vivenciaram nossa cultura! estão muito ocupados calculando valores, votos, proporções partidárias e interesses próprios. O questionamento vai também para nossos agentes culturais, vi nas redes sociais muitos elogios ao participantes do espetáculo da Paixão de Cristo e a gestão, me espantei, pois quando se trata de arte, devemos elogiar aquilo que nos faz brilhar os olhos, nos deixa sem fala, transbordando de emoção, se isso não acontece não merece elogios (artisticamente falando), pois bem é essa a função da arte cênica (teatro) desde seus primórdios na Grécia, Roma e China antiga. Nossa cidade um determinado dia despontou para o potencial que nela adormecia isso era precisamente 2003, a arte e cultura efervesceu, atores, atrizes, cinéfilos, artesãos, artistas plásticos se revelaram, isso perdurou até 2010, descobriu-se que investindo em arte e cultura o retorno é demorado, mas ele vêm, grupos de teatro, dança, artesãos se originaram dessa efervescência em Palmeira, enfim foram sete anos de prosperidade cultural, o que rendeu ao município entrar no calendário cultural do estado e ter artistas e grupos reconhecidos pelos setores culturais no estado e própria Secretaria de estado da Cultura. Mais passados estes anos o que temos??? A pergunta paira no ar a quatro anos! Será falta de investimento?? Será falta de artistas e grupos?? Será falta de conhecimento?? Prefiro acreditar que seja indiferença e oportunismo de muitos, desde o gestor, passando pela  secretaria de cultura e alguns agentes culturais de nosso município. O que vi ontem ao subir o abandonado ponto turístico de nossa cidade o Cristo do Goiti, foi o resultado de anos de despreparo, desinteresse, indiferença e abandono, o espaço sujo, sem segurança durante o percurso, mal iluminado e o monumento pintado a cal de ultima hora, talvez seja por falta de recursos para comprar materiais propícios para aquele tipo de monumento?? ou falta de profissionais na área?? Se tratando da encenação da Paixão de Cristo, vi algo pequeno, pobre, feio, sem plástica, sem estética, sem técnica, vazio, enfim sem elementos básicos do fazer cênico e teatral, sem o brilho, respeito e valorização devida ao elenco, plateia, as artes cênicas e ao dono da história em seu dia especial (Cristo). Não quero fazer deste texto peça de inveja ou recalque (como diz na gíria popular de hoje), o meu desejo e deixar claro minha posição e inquietação como ator e diretor teatral(DRT 1329/AL), produtor cultural e membro do conselho estadual de Cultura representando 54 Pontos e Pontões de cultura do Estado de Alagoas. Não se pode aceitar certas atitudes e decisões, os culpados dessa situação toda existem, e tem nome, sobrenome e endereço, porém é preciso continuar lutando contra eles e essa situação desastrosa que eles nos colocam. Como? Reivindicando, não calando, não aceitando, e por fim sem falsos elogios e demagogias políticas. Pois R$ 30.000,00 (trinta mil reais) não foi nunca os valores investidos no “espetáculo”, talvez tenha sido o valor investidos nos bolsos dos monopolizadores, oportunistas e bajuladores de plantão, que destruíram com uma história sólida de 08 anos. E para os colegas e amigos das artes cênicas, me desculpem, mas não darei elogios falsos, mas fica aqui minha inquietação e reflexão, é essa a arte e cultura que temos, que queremos? Foi por isso que colocamos nossos esforços, tempo e dedicação? Uma outra cultura É possível !? E aos demais artistas e agentes culturais de Palmeira, finalizo com o grande teatrólogo Augusto Boal “cidadão não é o que vive em sociedade, mas aquele que a transforma”.

Marcone Correia
Ator e diretor teatral DRT 1329/AL

Conselheiro estadual de Cultura

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