“só podemos expor o que somos. Arte é
isso. A técnica é necessária, é claro. Mas se lhe faltar técnica, seja ao menos
sincero.” Graciliano Ramos.É parafraseando o mestre graça que venho externar minhas
inquietudes com o descaso à nossa cultura local, é verdade que não temos uma
gestão que se preocupa com nossa arte e cultura?? Vai ver eles não conhecem, e
nunca conheceram e vivenciaram nossa cultura! estão muito ocupados calculando
valores, votos, proporções partidárias e interesses próprios. O questionamento
vai também para nossos agentes culturais, vi nas redes sociais muitos elogios
ao participantes do espetáculo da Paixão de Cristo e a gestão, me espantei,
pois quando se trata de arte, devemos elogiar aquilo que nos faz brilhar os
olhos, nos deixa sem fala, transbordando de emoção, se isso não acontece não
merece elogios (artisticamente falando), pois bem é essa a função da arte
cênica (teatro) desde seus primórdios na Grécia, Roma e China antiga. Nossa cidade
um determinado dia despontou para o potencial que nela adormecia isso era
precisamente 2003, a arte e cultura efervesceu, atores, atrizes, cinéfilos, artesãos,
artistas plásticos se revelaram, isso perdurou até 2010, descobriu-se que
investindo em arte e cultura o retorno é demorado, mas ele vêm, grupos de
teatro, dança, artesãos se originaram dessa efervescência em Palmeira, enfim
foram sete anos de prosperidade cultural, o que rendeu ao município entrar no
calendário cultural do estado e ter artistas e grupos reconhecidos pelos
setores culturais no estado e própria Secretaria de estado da Cultura. Mais passados
estes anos o que temos??? A pergunta paira no ar a quatro anos! Será falta de
investimento?? Será falta de artistas e grupos?? Será falta de conhecimento?? Prefiro
acreditar que seja indiferença e oportunismo de muitos, desde o gestor,
passando pela secretaria de cultura e
alguns agentes culturais de nosso município. O que vi ontem ao subir o
abandonado ponto turístico de nossa cidade o Cristo do Goiti, foi o resultado de
anos de despreparo, desinteresse, indiferença e abandono, o espaço sujo, sem
segurança durante o percurso, mal iluminado e o monumento pintado a cal de
ultima hora, talvez seja por falta de recursos para comprar materiais propícios
para aquele tipo de monumento?? ou falta de profissionais na área?? Se tratando
da encenação da Paixão de Cristo, vi algo pequeno, pobre, feio, sem plástica,
sem estética, sem técnica, vazio, enfim sem elementos básicos do fazer cênico e
teatral, sem o brilho, respeito e valorização devida ao elenco, plateia, as
artes cênicas e ao dono da história em seu dia especial (Cristo). Não quero
fazer deste texto peça de inveja ou recalque (como diz na gíria popular de hoje),
o meu desejo e deixar claro minha posição e inquietação como ator e diretor
teatral(DRT 1329/AL), produtor cultural e membro do conselho estadual de
Cultura representando 54 Pontos e Pontões de cultura do Estado de Alagoas. Não se
pode aceitar certas atitudes e decisões, os culpados dessa situação toda
existem, e tem nome, sobrenome e endereço, porém é preciso continuar lutando
contra eles e essa situação desastrosa que eles nos colocam. Como? Reivindicando,
não calando, não aceitando, e por fim sem falsos elogios e demagogias políticas.
Pois R$ 30.000,00 (trinta mil reais) não foi nunca os valores investidos no “espetáculo”,
talvez tenha sido o valor investidos nos bolsos dos monopolizadores, oportunistas
e bajuladores de plantão, que destruíram com uma história sólida de 08 anos. E para
os colegas e amigos das artes cênicas, me desculpem, mas não darei elogios
falsos, mas fica aqui minha inquietação e reflexão, é essa a arte e cultura que
temos, que queremos? Foi por isso que colocamos nossos esforços, tempo e
dedicação? Uma outra cultura É possível !? E aos demais artistas e agentes
culturais de Palmeira, finalizo com o grande teatrólogo Augusto Boal “cidadão
não é o que vive em sociedade, mas aquele que a transforma”.
Marcone
Correia
Ator
e diretor teatral DRT 1329/AL
Conselheiro
estadual de Cultura
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